sábado, 19 de fevereiro de 2011

A MORTE DA VIDA

Passa o tempo a correr directo ao envelhecer,
Os travões não funcionam, sempre em frente, prego a fundo,
Lá nos vamos afastando dia a dia deste mundo.
Não há volta a dar à coisa, a coisa não tem remédio,
Inda hoje me interrogo: que sentido tem o ser?
Mal berramos ao nascer, começamos a morrer…
Quem seria o energúmeno que fez as coisas assim?
Vou ter de acertar as contas com divina entidade,
Que faz passar cada ano, aumentando a nossa idade…
Já agora porque não um prazo de validade?
Tal qual como o iogurte, seríamos carimbados
E quando passasse o prazo não seríamos comprados…
De qualquer forma anda tudo a comprar gato por lebre
Que até, se calhar, com sorte, seríamos consumidos
E há tantos nesta vida que sonham em ser comidos…!
E assim, vamos morrendo, pouco a pouco definhando,
As rugas saem à rua, os cabelos branqueando,
Isto sem falar na mente que nos vai abandonando…
Quiçá, vá procurar corpos, de bebés p’ra ocupar
Deixando em nós um vazio difícil de preencher,
Que só será preenchido quando a terra nos comer…
E depois há os papás: que vão celebrar os filhos, armando-se em otários,
E contratam um palhaço p’rá festa de aniversário…
Não tinha mais cabimento um agente funerário?!…
“Parabéns a você nesta data querida, muitas felicidades, alguns anos de vida,
Hoje é dia de enterro, cantam as nossas almas,
Para o quase defunto, uma salva de palmas……
“A morte saiu à rua num dia assim…”
Quando as gentes vão à rua,
 cambadas de moribundos dão um ar de sua graça…
Talvez pensem que é só gripe…com um comprimido passa...
Pior que ser mentiroso é enganar-se a si próprio,
Pior que uma coisa boa, é talvez a coisa má,
E pior que ser defunto? Aí, já não chego lá…
Termino com estes versos, sobre esta “vida” lixada:
Muito sofre um defunto, é quase como a pescada
Antes de o ser já o era e não pode fazer nada…!


ANA MARIA LIMPO ESTRELA
13-11-2010, O6:09

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